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  • Maria Esteves

A Arquitetura para mim é multidisciplinaridade

A multidisciplinaridade é a parede mestra da arquitetura, tendo a particularidade de ir deixando cair e de ir adicionando novas disciplinas, com a evolução dos tempos, da História e das prioridades das pessoas na ocupação do espaço.





A multidisciplinariedade da arquitetura é um dos seus maiores valores, que incentiva à colaboração e instrução contínuas, estimuladas pelas inúmeras atividades associadas ao Espaço. Da engenharia ao design, a arquitetura é uma área onde todos estamos em constante aprendizagem e adaptabilidade, não só pelas diferentes escalas e tipologias com que nos confrontamos em cada projeto, de forma a criar uma necessidade de investigação recorrente, mas também pelo avanço contínuo da tecnologia e da sociedade em que vivemos.


Mies Van Der Rohe é um arquiteto eterno e histórico cujas obras tendem a ser simultaneamente atuais, e usadas como referência para muitas novas construções pós séc. XX. É por isso, para mim, uma inspiração por representar este valor da multidisciplinaridade e por conseguir eternizar as suas obras, desde o uso de diferentes materialidades até ao desenho do mais ínfimo pormenor. Estes valores podem ser vistos num dos seus projetos mais famosos - o Pavilhão Alemão da Feira Universal de Barcelona - através de lajes rugosas e pesadas que, ao mesmo tempo, transmitem uma certa leveza por serem suportadas por uma fina estrutura de aço, sendo constituída essencialmente de planos verticais e horizontais que transmitem esta imagem de transparência e permeabilidade. Reconstruído na década de 1990 como homenagem ao arquiteto e como símbolo do modernismo, é uma obra singular que criou um novo estilo e uma nova maneira de olhar para a arquitetura.


Uma outra disciplina com a qual a arquitetura tem vindo a trabalhar mais e continuará a ter uma importância crescente é a da sustentabilidade. A integração da construção no ambiente e o respeito da construção pela envolvência deve ser uma prioridade.

A multidisciplinaridade que falo também é facilmente reconhecida em John Pawson, que se envolve de diferentes maneiras nos projetos e em outras áreas artísticas que o interessam. É um minimalista e um arquiteto que se centra em formas de abordar os problemas fundamentais de espaço, proporção, luz e materiais, com o qual me identifico muito e cujo trabalho é uma inspiração.


Uma outra disciplina com a qual a arquitetura tem vindo a trabalhar mais e continuará a ter uma importância crescente é a da sustentabilidade. A integração da construção no ambiente e o respeito da construção pela envolvência deve ser uma prioridade e o CopenHill é um bom exemplo, não só pelo seu desenho e integração na envolvente, mas também pela adaptabilidade aos tempos de hoje e preocupação com a sustentabilidade num edifício fabril. Esta poderia ser apenas uma nova infraestrutura, mas acaba por se tornar num marco para a cidade e para a maneira como olhamos para arquitetura – mudando ainda o paradigma da utilização do espaço, como podemos ver pela cobertura do edifício que ganha novas funcionalidades.


O ambiente e a envolvência tem simultaneamente esta capacidade de inspiração, mas também de imposição para que respeitemos o que nos rodeia. Se quisermos localizar a uma realidade que conhecemos, em termos criativos inspira-me o ambiente em que me envolvo e que envolve o meu trabalho (a cidade e a tecnologia) – é o que mais tento respeitar, a história e o existente da cidade, de forma a inspirar-me não só com a evolução e a novidade na arquitetura, mas também com a memória da mesma, que me ajuda a progredir e a respeitar a evolução da cidade. Por outro lado, a natureza e a sua forma orgânica, a sua maneira versátil de se adaptar ao ambiente em que se encontra também é algo que me inspira bastante enquanto arquiteta.


Voltemos ao início para concluirmos que a multidisciplinaridade é a parede mestra da arquitetura, tendo a particularidade de ir deixando cair e de ir adicionando novas disciplinas, com a evolução dos tempos, da História e das prioridades das pessoas na ocupação do espaço. Nos dias de hoje, não podemos falar em arquitetura, sem falarmos de sustentabilidade - disciplina recentemente adicionada e para a qual sensibilizamos os nossos clientes para esta área que é simultaneamente um investimento, mas também uma oportunidade de aprendizagem mútua, para esse mesmo cliente, enquanto utilizador do espaço, mas também para o arquiteto, na sua formação e evolução.


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