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Rita Girbal

A Arquitetura para mim é evolução e adaptação

A arquitetura não pode abdicar de questões como o bem-estar no ambiente arquitetónico, assim como as preocupações pelas necessidades humanas em favorecimento da estética.



Gando Primary School. Photo by Simeon Duchoud.


Que o Ser Humano está em constante evolução todos o sabemos, assim como sabemos que essa mesma evolução dita o desenvolvimento de tudo aquilo com que nos envolvemos. Assim é na cultura, na arte e em todos os aspetos da vida humana. Não poderia então deixar de ser assim também na arquitetura. Daí que a arquitetura seja, para mim, evolução e adaptação, num respeito pelo passado, inspiração no presente e adaptação ao existente e ao meio ambiente que rodeia.


Podemos partir da necessidade base de construção de um abrigo, onde a arquitetura é uma estrutura física, que permite albergar as necessidades do Ser Humano. Essa estrutura advém de um processo em que são tidas em conta as reações corporais e mentais que a própria arquitetura pode provocar. Mas acima de tudo, e respeitando o legado histórico, cultural e de evolução do próprio Humano, a arquitetura é o resultado de pesquisa, diálogo, dedicação e participação, havendo um compromisso com as tradições e cultura dos lugares desde o início.


Este encontro entre a atualidade e a herança, entre a evolução e adaptação é extremamente entusiasmante e o que mais me inspira - acompanhar a mudança da evolução do Ser Humano e do ambiente que o suporta. Este encontro passa ainda pelo ordenamento da cidade, por satisfazer as suas carências e necessidades, mesmo sabendo que implicará uma constante reformulação do espaço e, por vezes, uma quantidade de recursos e tecnologia diferente. Inspira-me que a arquitetura não se traduza só na mera construção, mas sim na experiência do objeto que tem uma determinada intenção e finalidade, e que, para além disso, suscita emoções, através do seu carácter plástico.


Esta questão leva-nos a olhar para a arquitetura um pouco mais além. Pois enquanto arte e ciência, a arquitetura não pode abdicar de questões como o bem-estar no ambiente arquitetónico, assim como as preocupações pelas necessidades humanas em favorecimento da estética.


Um excelente exemplo é a Casa no Castanheiro, de João Mendes Ribeiro. Um projeto que nasceu para uma experiência de isolamento e descanso, na autenticidade da natureza. Um refúgio para descansar e recarregar energias através da proximidade aos elementos naturais.


Muitos outros arquitetos são, para mim, uma inspiração, por combinarem, de forma diferente, e cada um com a sua visão, o legado do passado com a adaptação ao presente, respeitando toda a coesão espacial e de necessidade do Homem, mas com uma marcada assinatura artística. Se em Dom Hans Van der Laan podemos ver um método de trabalho e forma de projetar muito própria, geométrica e bruta, vemos nos portugueses Álvaro Siza Vieira e Aires Mateus, uma semelhante geometria, mas com um olhar mais atual e silhuetas mais fluidas. Em arquitetos como Francis Keré, e através de uma vertente marcadamente social, vemos uma adaptação ao ambiente muito diferente, com um foco importante no utilizador final do espaço, que tem um papel ativo durante todo o processo, participando na própria construção, pois é ensinado a construir e a fazer parte da arquitetura, utilizando materiais e técnicas locais e contribuindo para a sustentabilidade de todo o processo.

É em todo o processo de criação que a arquitetura se destaca. No diálogo, na história, no desenho, no projeto e, finalmente, na construção. A beleza da arquitetura encontra-se nesta união entre o respeito pelo passado, pela evolução até ao presente, e pela adaptação a todo o legado que encontramos no espaço.

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